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Entre 1º de março e 14 de abril de 2025, aproximadamente 300 mil menções sobre a Páscoa foram analisadas pela plataforma de monitoramento digital Torabit. O estudo mostra como nos relacionamos com uma tradição que mistura religião, memória afetiva e consumo. O levantamento navegou pelo Instagram, Bluesky, Threads, Facebook além de portais de notícias, revelando não apenas preferências, mas também sentimentos, dilemas e nostalgias.

As redes sociais, especialmente o Instagram, tornaram-se verdadeiros mercados digitais de ovos de chocolate, principalmente dos artesanais, valorizando pequenos e médios empreendedores que viram nessa época uma chance de competir com gigantes do setor. O que emergiu não foi apenas um debate sobre sabor ou preço, mas sobre uma espécie de resistência à produção em massa, um desejo por algo mais autêntico, pessoal e acessível.

Além do chocolate, o coelhinho da Páscoa voltou a ocupar um espaço curioso nas narrativas digitais. Nas postagens, ele oscilou entre a ternura das memórias infantis e a tensão dos debates contemporâneos, como no caso do vídeo viral em que um pai decidiu revelar a realidade sobre o personagem à filha, gerando polêmicas que se espalharam rapidamente.

O estudo também captou uma disputa entre grandes marcas como Cacau Show e Ferrero Rocher, que competiram pela atenção nas redes. Ao mesmo tempo, o Google confirmou o crescente interesse pela data, especialmente na região sul, onde eventos tradicionais, como a famosa Páscoa em Gramado, seguem reunindo multidões em busca de experiências memoráveis.

Os termos mais recorrentes no universo de busca revelam um interesse evidente pelos ovos caseiros, destacando não apenas a preferência por sabores e formatos específicos, mas também uma atenção especial à textura e experiência sensorial: “cremoso”, “brigadeiro”, “Nutella”, “colher” e “encomenda” dominaram as menções.

Nesse cenário, o Instagram tornou-se uma vitrine digital essencial, impulsionando pequenos negócios e facilitando conexões diretas entre quem produz e quem consome. Em contraste, na plataforma Bluesky, o tom das conversas foi mais leve, com expectativas e promoções despertando interações pontuais sobre a possibilidade de ganhar um ovo. O Facebook apresentou uma dinâmica diferente, onde os debates rapidamente saíam do terreno doce dos preços e ingressavam nas discussões políticas. Já nos sites de notícias, o destaque ficou por conta das pautas econômicas, focadas nas expectativas comerciais do varejo e nas tradições ligadas ao feriado da Semana Santa.

As menções coletadas pela pesquisa foram classificadas em três grandes categorias: o imaginário simbólico, a dimensão religiosa e o desejo de consumo. Destas, o imaginário dominou, respondendo por 71,8% das interações. O coelhinho da Páscoa surgiu como protagonista, transitando pelas redes sociais em relatos nostálgicos da infância, piadas bem-humoradas e, é claro, estratégias publicitárias—desde ovos artesanais até pelúcias temáticas.

Um episódio particular ganhou atenção especial e causou grande repercussão negativa: um vídeo em que um pai, diante do preço elevado de um ovo de chocolate, decidiu gravar e postar quando revela à filha que o coelho da Páscoa não existe. O registro viralizou rapidamente e abriu espaço para uma reflexão coletiva sobre exposição de crianças em troca de audiência e engajamento nas redes sociais.

A dimensão religiosa da data ocupou o segundo lugar nas menções, com 15,4%, destacando-se as referências à programação da Semana Santa e às narrativas tradicionais sobre a ressurreição de Jesus Cristo. Por fim, em terceiro lugar, as expectativas em torno dos ovos de chocolate e o desejo explícito de consumo representaram 12,8% das interações, evidenciando como, mesmo nas tradições mais antigas, permanece forte o impulso contemporâneo pelo consumo.

Na análise temática das menções, um ponto chamou atenção: a qualidade dos produtos superou a questão do preço, surgindo em 33,6% das publicações. Isso sugere que, mesmo diante dos desafios econômicos, muitos consumidores estão dispostos a investir mais em busca de uma experiência melhor, revelando um desejo claro por autenticidade e sabor.

Contudo, o preço não deixou de ser um fator importante, sendo mencionado em 17,9% das postagens. Isso se relacionou diretamente a outra tendência observada: a popularidade das barras de chocolate como alternativa econômica aos ovos tradicionais, citadas em 17,5% dos posts.

Por fim, reforçando essa busca por autenticidade e valorização dos pequenos produtores, os ovos caseiros se destacaram, ocupando o segundo lugar entre os assuntos mais discutidos, presentes em 26,2% das menções analisadas.

Quando se observa a divisão por gênero nas redes sociais. As mulheres foram responsáveis por 57,6% das menções sobre a Páscoa, destacando-se especialmente nas conversas sobre eventos solidários e no planejamento das compras de ovos. Já os homens, com 42,4% das interações, foram mais propensos a debater temas como política, preço e as expectativas gerais para a data, refletindo talvez um enfoque mais pragmático ou crítico em relação às tradições e ao consumo associado à Páscoa.

Ao analisar as menções que citaram diretamente as principais marcas do mercado de chocolates, duas empresas dominaram as conversas: a Cacau Show, presente em 34,2% das publicações, e a Ferrero Rocher, mencionada logo atrás, com 32,9%. Num patamar mais distante aparecem Nestlé (9,4%), Kopenhagen (6%), Lacta (5,6%) e Garoto (5,4%).

O destaque da Cacau Show pode ser explicado pelo forte investimento em conteúdo próprio relacionado à Páscoa em seus perfis oficiais, ampliando seu alcance por meio de ações com influenciadores digitais.

Já no caso da Ferrero Rocher, a alta incidência nas menções revela um fenômeno diferente. A maioria dessas publicações mencionava o “sabor Ferrero Rocher” associado a ovos artesanais ou produtos de pequenas confeitarias. Aqui, o sucesso nas redes sociais reflete menos o esforço da marca em si, e mais sua consolidação como uma referência de sabor amplamente usada por empreendedores locais como atrativo para o consumidor.

O interesse pela Páscoa nas pesquisas realizadas no Google concentrou-se especialmente no sul do país, com destaque para o Rio Grande do Sul, estado da cidade de Gramado, conhecida por realizar um tradicional evento que anualmente atrai mais de 700 mil visitantes. Santa Catarina e Paraná também registraram volumes significativos de buscas relacionadas ao tema.

Outro ponto relevante nas buscas online foi a presença da Cacau Show, que além de dominar as conversas nas redes sociais, também despontou entre as marcas mais pesquisadas no Google. Além das marcas, as pesquisas se estenderam aos símbolos e significados da Páscoa, indicando uma curiosidade coletiva sobre as origens e tradições que sustentam a data.

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Torabit

Publicado no dia 15 de abril de 2025