Nesta edição, a Apple contesta a ideia de que a inteligência artificial está próxima de “pensar” como humanos. Um grupo internacional de especialistas pede cautela antes de culpar somente as redes sociais pela crise de saúde mental entre jovens. E usuários do Meta AI estão publicando, sem perceber, conversas privadas com inteligência artificial.
Artigo da Apple jogando água fria na IA superinteligente
Um novo artigo publicado por pesquisadores da Apple, chamado “The Illusion of Thinking”, questiona a ideia de que modelos de inteligência artificial mais recentes estão, de fato, “pensando melhor”. O estudo compara modelos ajustados para raciocínio (como Claude 3.0, DeepSeek-R1 e o3-mini) com versões padrão, aplicando uma série de testes matemáticos e lógicos com diferentes níveis de dificuldade, todos desenhados para evitar que os modelos simplesmente reconhecessem padrões já vistos. Os resultados mostram que, em tarefas fáceis, todos os modelos se saem bem; em tarefas de dificuldade média, os modelos “afinados” para raciocínio demonstram alguma vantagem; mas quando a complexidade aumenta, todos falham, mesmo os considerados mais avançados. Curiosamente, à medida que os desafios ficam mais difíceis, os modelos produzem respostas mais curtas e param de tentar resolver os problemas, mesmo com espaço disponível para isso. Além disso, dar instruções claras e algoritmos passo a passo não melhora os resultados, sugerindo que o problema vai além da interpretação: é uma limitação real da arquitetura atual. Para os autores, o desempenho aparente desses modelos em algumas situações pode gerar a falsa impressão de que estão raciocinando de forma humana, quando na verdade estão apenas operando dentro de padrões previsíveis. É essa desconexão entre expectativa e realidade que dá nome ao estudo: a ilusão do pensamento. Leia mais (em inglês).
Redes sociais e adolescentes
Um relatório internacional reuniu mais de 120 especialistas para discutir os efeitos das redes sociais na saúde mental de adolescentes, impulsionado pelas teses do psicólogo Jonathan Haidt, autor do livro “A geração ansiosa”. Há consenso de que, desde a década de 2010, os transtornos psicológicos entre jovens aumentaram, sobretudo entre meninas, e que o uso intenso de celulares e redes sociais está ligado a esse fenômeno. No entanto, os pesquisadores destacam que os impactos variam conforme o perfil individual e o tipo de uso, e não há evidência sólida de que medidas como proibir celulares em escolas resultem em melhorias na saúde mental. O grupo recomenda cautela ao transformar essas hipóteses em políticas públicas. Leia mais.
Alerta: chats com IA da Meta vão parar em feed público
Usuários do Meta AI, o chatbot de inteligência artificial presente no Facebook, Instagram e WhatsApp, têm tido suas conversas privadas publicadas num feed público chamado “Discover”, muitas vezes sem perceber. A exposição ocorre quando o usuário clica no botão de compartilhamento após interagir com a IA, o que transforma o conteúdo em uma publicação visível por outros. Segundo especialistas, muitos não se dão conta disso, e acabam expondo dados sensíveis, como questões de identidade de gênero, problemas médicos ou até endereços residenciais. Apesar de a Meta afirmar que o compartilhamento é opcional, as configurações e comunicações da empresa não deixam isso claro o suficiente, segundo críticas. Leia mais.
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Equipe Torabit
Publicado no dia 16 de junho de 2025